
O Treponema pallidum, causador da sífilis, tem o homem como único hospedeiro conhecido e não pode sobreviver fora de seu anfitrião natural, pois tem capacidades metabólicas limitadas, para sintetizar seus próprios bionutrientes . A transmissão da sífilis pode ocorrer de modo vertical (sífilis congênita), quando há contágio in útero ou durante o parto, se o recém-nascido entrar em contato com uma lesão contagiosa ou sexual (sífilis adquirida), embora a transmissão indireta também possa acontecer através de objetos contaminados, como agulhas de tatuagem ou transfusão de sangue. O principal modo de transmissão da sífilis é o contato sexual. Após o Treponema pallidum penetrar através da mucosa genital ou pele, ele entra na corrente linfática e sanguínea e se dissemina para os órgãos, incluindo o sistema nervoso central. Além disso, pode haver a transmissão da doença por sexo oral, beijo e contato próximo com uma lesão infecciosa. As manifestações orais são incomuns e podem representar um desafio diagnóstico devido ao seu amplo espectro de aparências clínicas. As características da doença pode imitar outras condições e devido sua incidência crescente em muitas partes do mundo, ela deve ser considerada no diagnóstico diferencial de lesões orais3 . A manifestação oral primária aparece no local da infecção e é normalmente é caracterizada por lesão ulcerada. A lesão pode começar como uma pápula que pode evoluir para uma úlcera endurecida, indolor, não purulenta e de base limpa. O tamanho das lesões é variável e as margens aparecem normalmente delimitadas. Os locais anatômicos mais afetados são principalmente a língua, a gengiva, o palato mole e os lábios. As lesões iniciais podem ser únicas ou múltiplas e geralmente apresentam regressão de 2 a 8 semanas, ainda que sem tratamento, podendo haver uma falsa impressão de resolução da doença3,9. Na etapa secundária da sífilis pode haver manifestações em áreas de mucosa e pele.
O envolvimento do sistema nervoso central, como sintomas cognitivos, ataxia e paralisia, pode ocorrer em todas as fases, mas está mais associado à sífilis terciária. Neste estágio também pode ser observado um quadro de glossite generalizada2 . Exames sorológicos em combinação com um exame clínico completo são fundamentais para o diagnóstico da doença7 . O tratamento empírico prévio ao diagnóstico pode dificultar a identificação de doenças infecciosas e promover a disseminação intraindividual dos microorganismos. Se não for diagnosticado no primeiro ou segundo estágio, o paciente pode ficar submetido ao risco de complicações relacionado à sífilis terciária. Estas manifestações são um alerta para um diagnóstico adequado e rápido2 . Além disso, os períodos extensos de latência, que podem ocorrer, podem dar a falsa impressão de tratamento bem sucedido. Assim, é importante, também, um acompanhamento sorológico para confirmação do sucesso do tratamento13. O dentista também pode desempenhar um papel importante no controle da sífilis, pela identificação dos sinais e sintomas da doença, educação do paciente e encaminhamentos.
Fonte: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/08/848727/artigo14.pdf
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