A Odontologia se assemelha com a sífilis quando se trata de manifestações clínicas orais. Em resumo, temos a sífilis como uma doença sistêmica, infecciosa, causada pela bactérica anaeróbia Treponema pallidum. A doença pode afetar qualquer órgão do corpo e sem o tratamento adequado pode resultar em problemas neurológicos, cardiovasculares ou ósseos1 . A sífilis foi uma doença bastante presente na sociedade, mas com a introdução da penicilina e das campanhas de prevenção, doença sofreu um declínio de sua prevalência e incidência. Nos últimos anos, mesmo havendo protocolos e recomendações bem estabelecidos, houve um ressurgimento significativo da sífilis, em muitos países. A doença tem capacidade de se correlacionar com a Odontologia quando ocorre uma patologia oral com essa infecção bacteriana, a seguir podemos ver casos relacionados ao assunto.
Caso 1
Paciente masculino, 28 anos, foi encaminhado para um serviço de estomatologia devido a queixa de aparecimento de lesões orais, com evolução de 45 dias. Durante o exame clínico preliminar, foi observada a presença de uma placa mucosa elevada, firme ao toque, de superfície irregular e com cobertura fibrinóide, contornos bem definidos, sem sintomatologia, na mucosa do lábio inferior, medindo 25 x 10 mm (Figura 1A). Também foi observado um nódulo bilobulado, firme ao toque, superfície irregular e com cobertura fibrinóide, contornos bem definidos, sem sintomatologia, no ápice de língua, medindo 20 x 15 mm (Figura 1B). O histórico médico não apresentava particularidades. Para diagnóstico diferencial, foi realizado teste rápido para sífilis, o qual foi positivo. Como seguimento protocolar, foram solicitados exames laboratoriais para HIV, hepatites B e C e o exame venereal disease research laboratory (VDRL), confirmatório para sífilis. O exame VDRL foi positivo (1:128), confirmando o diagnóstico da doença. Os demais resultados foram negativos.
Caso 2
Paciente masculino, 22 anos, foi encaminhado para um serviço de estomatologia devido a queixa de aparecimento de lesões orais, com evolução de 30 dias. O paciente apresentava queixa de dor de garganta, febre baixa (38°C), mal estar e linfoadenopatia cervical, há 15 dias. O exame clínico oral revelou duas áreas erosivas, eritematosas, sem sintomatologia, no dorso da língua, a maior medindo 7 mm de diâmetro (Figura 1C). Foi observada, também, uma lesão ulcerada rasa, circundada por área eritematosa, na borda da língua, medindo 12 mm de diâmetro (Figura 1D), com a presença de placacinzenta, irregular, adjacente à região de ulceração (Figura 1D seta). O paciente relatou que, no último ano, foi diagnosticado com sífilis, mas não realizou o tratamento conforme indicado. Devido às características das lesões e o histórico médico do paciente, foi realizado teste rápido para sífilis, o qual foi positivo. Igualmente ao caso anterior, como seguimento protocolar, foram solicitados exames laboratoriais para HIV, hepatites B e C e o exame VDRL, o qual foi positivo (1:64), confirmando o diagnóstico da doença. Os demais resultados foram negativos.

Após a confirmação do diagnóstico de sífilis secundária, os pacientes iniciaram o tratamento com injeções de penicilina G benzatina, 2,400,000 UI/semana, durante três semanas. Os pacientes também foram instruídos quanto a práticas sexuais seguras, o risco de reinfecção quando os parceiros sexuais não são tratados para a doença, e o risco de adquirir HIV e outras DSTs.
Fonte: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/08/848727/artigo14.pdf
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